Não
duvidemos.
Os EUA
constituem uma sociedade magnífica.
Provavelmente,
terão reunido, no seu território, quase todos os ideais que todas as outras sociedades
ambicionam.
A
democracia, a liberdade, a riqueza, o poder no Mundo.
E cresceram muito…
Ao ponto de
terem atingido níveis de vida altíssimos, baseados numa pegada ecológica e consumista muito acima de qualquer nível de razoabilidade, no Planeta em que
vivemos.
Quando, através da Globalização, se
abriram “vias rápidas” para o capital circular, este procurou (outras) paragens, onde a riqueza produzida ainda é incipiente, onde o crescimento está ainda por realizar e onde a população aceita trabalhar
mais por muito menos.
Neste
processo de ajuste global, comandado pelo capital deslocalizado, quem mais irá
sofrer serão as sociedades mais crescidas (desenvolvidas) …
Cairão de
mais alto e com estrondo, se não for reconhecida (e enfrentada imediatamente) a
situação.
Nos EUA, o facto
de terem um Presidente socialista não ajuda nada…
Mais défice,
mais dívida, mais Estado Social insustentável (seguindo o caminho da - falhada - terceira via
socialista europeia) será a receita para o abismo.
O problema
dos EUA é que a sua sociedade é muito desenvolvida. E terciarizada.
Ao
contrário de outros países, onde há muito a melhorar (justiça, gestão
orçamental, concorrência, níveis de produtividade) e a cortar (estado social
grande) os americanos, do ponto de vista médio global tem todos esses sectores “maximizados”.
Como mudar
para poder voltar a crescer e lidar com novas despesas sociais e dívidas públicas monumentais (e a crescer)?
Dívidas e
défices cada vez mais dependentes de empréstimos, investimentos e aplicações externas
extremamente voláteis. Que podem ser usados como “arma económica” dos credores
(e quem são eles…) a qualquer momento?
Que
solução?
Cortar
onde?
Nos níveis
de vida dos americanos? Claro.
Não haverá
outra solução.
Mas com que
consequências para o “american way of
life”?
Como lidará
o povo americano com o ajuste (em queda) que se tornará necessário e uma
realidade a curto prazo? A Democracia (social), desenquadrada de uma economia em crescimento sair-se-há bem deste novo desafio?
A saúde é
caso exemplar.
Qualquer
acto médico nos EUA custa várias vezes o seu preço na Europa.
Devido ao
valor a pagar aos profissionais e pelos serviços que o compõem. Os seguros de
saúde ficam cada vez mais caros. E inacessíveis a muitos. Os custos de saúde (e
de outros custos) sociais ficam cada vez menos sustentados nos orçamentos dos
EUA. E muito menos, na riqueza que a economia liberta para esse efeito.
Pois cada
vez mais se importa o que se consome.
E cada vez mais se
deslocaliza trabalho. Para o exterior.
E o que sobra já não evita a queda do emprego.
Mais custos
sociais e menos riqueza.
Um cadinho
explosivo para uma gestão pública apontada para o social (num ambiente em que os recursos diminuem).
Uma
explosão que não deixará nenhuma sociedade salvaguardada.
No aspecto
económico, financeiro e de soberania.
A mais
recente autorização de aumento de dívida americana referia 2,1 milhões de milhões
de dólares. Haverá tantos recursos disponíveis no Planeta? Esta voracidade não
provocará escassez de liquidez nos mercados financeiros? Haverá excedentes suficientes
nos países em crescimento (chineses e outros a poupar) para suportar as
necessidades dos países desenvolvidos (americanos e europeus a gastar), que
lutam para manter níveis de vida do passado, bem para além do que – agora –
conseguem produzir?
Os EUA são
demasiado grandes para cair, mas também são grandes demais para serem ajudados.
Ou tratam de si ou nada os poderá salvar. Neste momento, vivem sobre um enorme “tapete”
– em crescendo - de empréstimos externos. Que cada vez mais os condicionarão na
estratégia comercial (e não só) global.
Os EUA são
demasiado grandes para cair, mas, há milhar e meio de anos, caiu um outro Império.
Com um desenvolvimento, poderio e cultura superior a qualquer outro. Nas mãos
de bandos de bárbaros vindos do Norte.
Seguiram-se mil anos de trevas.
Sem comentários:
Enviar um comentário