A crise nos países desenvolvidos está apenas no início.
A questão determinante é se os líderes entenderão a situação. A verdade é que nenhum desses países (desenvolvidos) escapará de um destino mais ou menos traçado. Alguns entenderão e actuarão em conformidade, outros não. As suas iniciativas serão de remedeio, de fuga para a frente, o que apenas criará uma situação de rotura final ainda mais grave.
A questão determinante é se os líderes entenderão a situação. A verdade é que nenhum desses países (desenvolvidos) escapará de um destino mais ou menos traçado. Alguns entenderão e actuarão em conformidade, outros não. As suas iniciativas serão de remedeio, de fuga para a frente, o que apenas criará uma situação de rotura final ainda mais grave.
Resta saber se essa rotura, quando vier (e virá mesmo) ainda terá uma dimensão gerível ou ... já não.
Ainda iremos a tempo?
Ainda iremos a tempo?
Perdida a capacidade de produção
industrial (e não só) no Ocidente, ficou em causa o respectivo modelo baseado
nos serviços.
Os défices comerciais
avolumaram-se e as sociedades democráticas (que colocam no poder quem garante mais
benefícios sociais aos votantes) trataram de suportar – e manter - esses benefícios
à conta de défices orçamentais estruturais que fizeram subir, até à
estratosfera, as dívidas soberanas.
E assim, chegamos a uma situação
em que, simplesmente, os excedentes financeiros de uns países (emergentes) não
conseguem suportar os défices recorrentes dos restantes.
Nesta altura, nestes países, o crescimento económico é impossível e os recursos
financeiros disponíveis, pura e simplesmente desaparecem do seu alcance.
E isto acontece, simplesmente, devido à livre circulação dos capitais. A globalização leva os mercados financeiros, a conduzirem os recursos existentes para onde são mais reprodutivos e ficam mais seguros, secando totalmente a liquidez e deixando de "mãos a abanar" os leilões soberanos destinados ao refinanciamento das dívidas e na cobertura dos défices.
E isto acontece, simplesmente, devido à livre circulação dos capitais. A globalização leva os mercados financeiros, a conduzirem os recursos existentes para onde são mais reprodutivos e ficam mais seguros, secando totalmente a liquidez e deixando de "mãos a abanar" os leilões soberanos destinados ao refinanciamento das dívidas e na cobertura dos défices.
Ou seja, o dinheiro foge todo e muito rapidamente, das aplicações de cobertura de défice e refinanciamento de dívida para as aplicações em investimento onde a produção está a florescer e em crescendo.
E este processo reflecte-se nas taxas de juros cobradas e nas classificações dos ratings emitidos pelas empresas de notação. E, quanto a isso, nada de negativo lhes podemos apontar. Afinal, se fosse o nosso dinheiro (muitas vezes até é), gostaríamos que seguisse essa reorientação, ao invés de termos de enfrentar riscos - evidentes - de perda, ao vermos esse dinheiro aplicado em dívida soberana arriscada, sujeita a haircuts que são cada vez mais admissíveis e aplicáveis.
Onde isso é possível, inicia-se a fase da disponibilização de crédito pelos bancos centrais e da impressão ou disponibilização de moeda. Remedeio puro e simples...
A verdade é que é tentadora a ideia de imprimir papel moeda (ou disponibilizar crédito ilimitado aos bancos) para dinamizar a economia. Mas, se o país têm uma balança comercial negativa, depois de umas "voltas", essa liquidez acaba por sair toda de novo. É como tentar encher de água um recipiente furado. E, em vez de procurar tapar os furos, insiste-se em deitar mais água.
A liquidez sai de duas formas: pelo défice comercial, quando se compram bens e serviços produzidos no exterior e através da poupança.
No primeiro caso, ao se comprar um Iphone a 300 euros (porque produzido na China, ao invés de 1000 Euros se produzido internamente). Mesmo que a liquidez em questão tenha tido origem na impressão de papel moeda, esse mesmo papel moeda pode ser utilizado posteriormente para a aquisição de um qualquer bem nos países desenvolvidos. Quem sabe, uma energética em Portugal, uma indústria na Alemanha, um banco nos EUA...
No segundo caso, quando se gera um lucro ou uma poupança, coloca-se a questão da respectiva aplicação financeira. Logo, essa liquidez, grande ou pequena flui nos mercados financeiros globais, procurando a melhor localização possível. E esse local certo não será nunca e será cada vez menos uma localização interessante para os países desenvolvidos e será cada vez mais uma aplicação localizada nos países emergentes. Onde encontre rentabilidade e segurança. Será como ter um grande "aspirador" de liquidez sobre os países desenvolvidos. Incluindo os EUA e incluindo a Alemanha.
A ideia de que um haircut possa ser uma solução, no tratamento de um problema de dívida soberana, é totalmente inconcebível. A partir do momento em que a mesma se aplique dá-se a machadada final no sistema de refinanciamento das dívidas soberanas e dos seus défices. A partir dessa data, nenhum investidor livre e consciente (por algum tempo restarão outros investidores "forçados" que adiarão as roturas inadiáveis) colocará um dólar ou euro numa dívida soberana...
Onde isso é possível, inicia-se a fase da disponibilização de crédito pelos bancos centrais e da impressão ou disponibilização de moeda. Remedeio puro e simples...
A verdade é que é tentadora a ideia de imprimir papel moeda (ou disponibilizar crédito ilimitado aos bancos) para dinamizar a economia. Mas, se o país têm uma balança comercial negativa, depois de umas "voltas", essa liquidez acaba por sair toda de novo. É como tentar encher de água um recipiente furado. E, em vez de procurar tapar os furos, insiste-se em deitar mais água.
A liquidez sai de duas formas: pelo défice comercial, quando se compram bens e serviços produzidos no exterior e através da poupança.
No primeiro caso, ao se comprar um Iphone a 300 euros (porque produzido na China, ao invés de 1000 Euros se produzido internamente). Mesmo que a liquidez em questão tenha tido origem na impressão de papel moeda, esse mesmo papel moeda pode ser utilizado posteriormente para a aquisição de um qualquer bem nos países desenvolvidos. Quem sabe, uma energética em Portugal, uma indústria na Alemanha, um banco nos EUA...
No segundo caso, quando se gera um lucro ou uma poupança, coloca-se a questão da respectiva aplicação financeira. Logo, essa liquidez, grande ou pequena flui nos mercados financeiros globais, procurando a melhor localização possível. E esse local certo não será nunca e será cada vez menos uma localização interessante para os países desenvolvidos e será cada vez mais uma aplicação localizada nos países emergentes. Onde encontre rentabilidade e segurança. Será como ter um grande "aspirador" de liquidez sobre os países desenvolvidos. Incluindo os EUA e incluindo a Alemanha.
A ideia de que um haircut possa ser uma solução, no tratamento de um problema de dívida soberana, é totalmente inconcebível. A partir do momento em que a mesma se aplique dá-se a machadada final no sistema de refinanciamento das dívidas soberanas e dos seus défices. A partir dessa data, nenhum investidor livre e consciente (por algum tempo restarão outros investidores "forçados" que adiarão as roturas inadiáveis) colocará um dólar ou euro numa dívida soberana...
É uma brutal “retirada de tapete” e de efeitos muito rápidos.
De muito difícil gestão.
De repente, há uma enorme
carência de liquidez e aumentam as impossibilidades de satisfação de
compromissos e créditos passados. Não há “abertura” para novos créditos e tudo
ameaça desmoronar-se. Inicia-se uma fase de economia baseada do pronto
pagamento.
Não sendo possível (na Europa)
criar moeda com a facilidade que outros o fazem (para além dos efeitos negativos a médio prazo deste tipo de procedimento), há que encontrar formas de
agilizar a economia.
Títulos Públicos
O Estado não tem liquidez. As
empresas não recebem. Não pagam impostos, nem financiam a segurança social. O Estado não se consegue financiar, a economia não funciona…
Um indivíduo chega a um hotel e pede para ver
o melhor quarto. Deixa uma nota de 100 Euros em cima do balcão como garantia e
o dono pede ao funcionário para lhe mostrar as suites. Enquanto os dois sobem
aos quartos, o dono do hotel agarra na nota e corre para o talho em frente onde
entrega os 100 euros ao proprietário para saldar uma dívida. Mal o dono do
hotel sai, o dono do talho agarra na nota e vai à padaria vizinha saldar uma
dívida de 100 euros. O padeiro, feliz, agarra na nota e corre até ao mecânico
onde paga 100 euros resultantes de uma intervenção feita tempos atrás no seu
carro. Com essa nota o mecânico corre até à casa da prostituta e paga-lhe 100
euros de “serviços” em atraso. Por sua vez a prostituta dirige-se ao hotel e
entrega ao dono do estabelecimento 100 euros pelo uso de quartos. Nessa altura,
o (potencial) cliente voltam à recepção. Como nenhum quarto o tinha satisfeito,
o indivíduo pede de volta os 100 euros dados de garantia e decide procurar
outro hotel.
É esta circulação de dinheiro que
(quase) desaparece. E, iniciada a fase da economia de “pronto pagamento” é
necessário encontrar alternativas para evitar as roturas.
O que se pode fazer:
O Estado que atinge aquela situação de insolvência passa a emitir novos títulos de dívida não convertíveis (em dinheiro) utilizando-os para saldar algumas das suas dívidas a fornecedores e bancos. Com o acordo destes. Esses títulos podem ser utilizados, apenas e exclusivamente, para pagar dívidas
fiscais e à segurança social. No entanto, agilizando o processo, serviriam também
para que um qualquer fornecedor do Estado pudesse pagar os bens e serviços que adquire que, por sua vez, poderiam saldar, com esses títulos, as
suas dívidas ficais e sociais.
Ou seja, seriam títulos que
apenas garantiam o “encontro de contas” entre o Estado, os contribuintes e,
novamente, o Estado. Sem impactos nos défices pois os títulos regressariam
sempre à origem.
Para salvaguardar o processo,
seriam sempre “virtuais”. Ou seja:
Cada contribuinte teria uma conta
no “Tesouro”. O Estado (enquanto durasse esse processo de ajuste financeiro) poderia registar nessa conta (não é um depósito de numerário, mas
apenas um registo de um vale) as
dívidas que tem para com o contribuinte (fornecedor). Desta forma, interrompe o
pagamento de juros indemnizatórios e passa a aceitar que esse valor (em vale) sirva para satisfação de dívidas
e pagamentos fiscais e sociais. Mas também pode registar, a pedido dos
contribuintes, transferências “entre contas” para que os contribuintes resolvam
créditos entre si.
Poderão dizer que este sistema é
desresponsabilizante e não pode ser activado sem controlo. É verdade. Mas se o
for numa situação excepcional em que a liquidez não existe,onde os bancos estão descapitalizados, onde a economia do pronto pagamento e da troca está imposta e se for tudo monitorizado
(a partir do exterior), teremos uma ferramenta muito vantajosa para
todos…
Pois recuperaria uma grande parte
da referida circulação da moeda, perdida naquela situação de falta de liquidez.
Notas:
A impressão de moeda ou a disponibilização
de liquidez têm os mesmos efeitos, numa economia global: desvalorizam a moeda e
eternizam os desequilíbrios e défices orçamentais. Não são uma solução, mas
apenas um remedeio. E estão apenas acessíveis aos Países com moeda própria. Uma
ferramenta que a Europa perdeu (ou tem acesso limitado) com o processo de integração.
Quando os EUA criam moeda ou
dívida, que coloca nos Bancos para que a população possa suportar os créditos
para pagar pelos LED TVs e IPADs fabricados na China, colocam nas mãos dos
Chineses títulos (moeda) que é sempre válida para que estes vão suportando a
dívida externa dos primeiros mas que também é utilizável na compra de petróleo,
outros bens, propriedades e empresas no Ocidente.
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