Desigualdades.r

Esta luta é um dos fundamentos ideológicos do socialismo. Na procura pela igualdade.
E será este, também, um dos seus maiores equívocos.

A desigualdade respeita à diferença entre ricos e pobres. 
Seja lá o que se considere como rico e pobre.
Um "estado sócio-económico" consideravelmente variável em função do País e do momento histórico em questão. O socialismo procurou (e procura) ideologicamente esbater aquela diferença. Até ao limite: a igualdade.

Não será pelo objectivo que estão equivocados os socialistas.
Mas sim, pela forma.

O esbatimento das desigualdades pode-se fazer de duas formas:

1)Dando o possível a quem menos tem, a partir de um "bolo" criado de forma sustentada.
2)Retirando a quem mais tem, para dar a quem tem menos, independentemente do "bolo" existente.

A única forma correcta seria a primeira.
Os socialistas preferem a segunda. Infelizmente, sempre com maus resultados.

Porque, rapidamente se apercebem que aquela (sua) pratica, não resulta. Pois o nível de vida médio da população não cresce e os custos sociais envolvidos são cada vez maiores.


Ao contrário do que esperavam, aqueles apoios sociais não promovem a fuga à pobreza (é essa a argumentação que os sustenta) e acabam por criar uma dependência ainda maior e invertível por acção de um Governo com pratica socialista. Gradualmente, em vez do "remédio" - intervenção social - reduzir a doença e ser cada vez menos necessário, sucede exactamente o contrário: a "doença" social a tratar alastra e a economia, chamada a suportar os custos do "tratamento", contrai-se. E verifica-se haver cada vez menos recursos disponíveis para injectar na sociedade, cada vez mais carente. 


É preciso cada vez mais “peixe” (que lhes é garantido) e, quando este falha, porque a economia já não produz o suficiente, confrontamo-nos com uma faixa da população que não tem “cana” e que não sabe “pescar”. 


Pior do que isso: antes, uma parte dessa população sabia pescar. Mas perdeu esse hábito ao se aperceber que alguns dos seus vizinhos tinham mais peixe que eles, fazendo, para isso, pouco ou nada. Ou invés, a eles, o Estado levava, através dos impostos cobrados, uma parte (cada vez maior) do produto do seu trabalho.

Atirar dinheiro para os problemas tem como consequência lógica o seu crescimento. E não a sua redução e erradicação.

Cientes da “fraqueza” ideológica que sustentam, os dirigentes de esquerda, quando no poder, ávidos de recursos, para manter a sua clientela eleitoral satisfeita, logo se viram, activamente, contra os que mais têm. Na maioria, porque trabalharam e trabalham para isso. Como as desigualdades se mantêm, depois de tentada a promoção dos que menos têm, avançam para o Plano B. Ou seja, tirar (cada vez mais) a quem mais tem para entregar a quem menos tem.

O objectivo - correcto - seria a procura da melhoria das condições de vida de quem tem menos. Sendo totalmente irrelevante que, paralelamente, quem mais tem possa manter a sua situação ou até melhora-la. A esquerda não entende assim e assume uma atitude de inveja, fixando-se contra quem tem sucesso e que, por isso, possa ter acesso (porque fez por isso) a mais recursos.

Assim, neste processo ideológico, eivado de inveja social e, reconhecendo a sua impotência para conseguir o “crescimento social” das classes que subsidiam, os socialistas avançam para a restrição das elites produtoras e de sucesso. Desmotivam-nos na sua (importante) acção produtiva e dinamizadora da produção por outros. Ao empreender, criando empresas, produtos, trabalho e emprego.

O que importa a desigualdade neste processo?
Nada.
Desde que quem esteja menos bem, possa melhorar.

Como vimos, a esquerda desconsidera o papel das elites na criação de produção e concentra-se apenas no processo de distribuição dos recursos. O que limita a sua acção na redução das desigualdades. Não produzindo o suficiente, a (re)distribuição resume-se a uma troca de resto zero: retira-se X a uns para dar X a outros. Ora, perante esta acção castradora, quem produz o referido X logo, logo, deixará de o fazer. E aí, nada haverá para distribuir.

Os socialistas não entendem que só se pode melhorar a vida de quem tem menos se a sociedade, no seu todo, produzir em maior quantidade. E isso apenas acontecerá se houver uma retribuição e um prémio a conceder a quem produz e faz produzir. 


Assegurar direitos e rendimentos “garantidos” independentemente do acréscimo de cada um no processo produtivo é meio caminho andado para que, cada vez mais indivíduos, produzam pouco ou nada.

A Nova Sociedade não se fixará na redução das desigualdades. Tratará de garantir um Suporte Social alargado e generalizado, mas sempre na dimensão (variável) da produção obtida, que tratará de incentivar. A desigualdade, mesmo crescente, se obtida em resultado de processos de crescimento sustentado, de ganhos produtivos e cotas de mercado exteriores não é nada a evitar. Desde que a distribuição social possa crescer em conformidade.

Mas, o caminho até lá, será espinhoso. Haverá oposições ferozes dos dois lados. Infelizmente, a democracia, tal como a conhecemos, poderá não assegurar esse percurso.

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