Desde sempre, a Humanidade valorizou e procurou criar novas tecnologias que permitissem a melhoria da sua qualidade de vida. Criou máquinas que foram auxiliando e até substituíndo o Homem nos trabalhos pesados e repetitivos.
Desde a manipulação do fogo, a descoberta da agricultura e da roda, tudo foi feito com o objectivo da espécie se conseguir impor no meio ambiente em que vivia, criando condições para a sua multiplicação e expansão.
Nas últimas centenas de anos, descoberto o motor e fontes de energia acessíveis, manipuláveis e baratas, a Humanidade expandiu-se de forma exponencial e terá, nesse período, concretizado o seu maior sonho: as máquinas passaram a ser determinantes na produção e o trabalho (intervenção humana) reduziu-se brutalmente. Inesperadamente, chegados aí, em vez de entrarmos num período de maior à-vontade e qualidade de vida, chegamos a uma encruzilhada...
Não há trabalho que chegue para todos
O sistema não acompanhou a evolução tecnológica e o modelo social revelou-se totalmente inadaptado. Esta nova situação exige grandes transformações. Em muitos países, a falta de empregos cresce e começa a ser irreversível. A globalização levou os empregos nos sectores primários e a China açambarca os empregos na área dos bens transacionáveis (industriais e de manufactura).
Apenas as nações com populações altamente formadas e com algum “know how” tecnológico estão a resistir (por mais uns anos) à situação. Valorizando, por agora, a ligação (cada vez mais ténue) desse saber ao País. Ao mesmo tempo, os encargos sociais com a protecção dos desempregados (e suas famílias) sobrecarregam os cofres públicos.
Até agora, as sociedades desenvolvida vinham conseguindo crescer ano após ano. O suficiente para acomodar as necessidades de criação de mais emprego e enfrentar as exigências sociais, sempre crescentes. A recessão era uma situação pontual, geralmente resolvida com algumas políticas monetárias ou endividamento externo, recuperáveis nos anos seguintes. Nos últimos anos tudo isto mudou e, daqui para a frente nada será igual. O estado recessivo das economias desenvolvidas será uma constante e as economias produzirão menos. Neste novo "ambiente" global, a perda de empregos, nestes países, nunca será pontual. Sejam os empregos perdidos por via da introdução de novas tecnologias, sejam aqueles que se perdem por perda de competitividade no mercado global, por deslocalização da produção ou finalmente, porque a economia, simplesmente, entra no processo de retracção que se generalizará nestes países. O problema mais grave acontecerá nos países que se mantenham alheados desta (nova) situação e entenderem sempre que o problema é (como antes era) pontual e reversível. Não é. Estamos mesmo numa curva da mudança e a rotura será grave se a realidade só for reconhecida quando as dívidas pública, empresarial e particular (principalmente se forem externas) atingir valores incontroláveis, perante uma economia que só pode cair...
Mas chegamos ao primeiro paradigma na Nova Sociedade:
O trabalho é o seu bem mais determinante.
A mudança iniciar-se-há com a divisão do trabalho ainda disponivel, com a correspondente e proporcional redução de rendimentos.
Mais tarde, o trabalho será assumido como um bem não generalizável e não acessível a todos. Muitos viverão subsidiados e teremos uma sociedade em que todos serão consumidores, mas apenas alguns serão produtores. E, neste grupo, uns produzirão (e ganharão, por consequência) mais que os outros, meros consumidores.
Este processo, de transição entre a sociedade actual e a Nova Sociedade deverá ser feita gradual e conscientemente pois o risco de haver roturas sociais, no percurso, será enorme.
Os módulos de trabalho a que hoje chamados de "empregos" serão totalmente eliminados. A primeira fase, de redistribuição do trabalho disponível, reduzirá as horas diárias que hoje são referência com a consequente e proporcional redução das remunerações. Nesta fase, inicial, serão trazidas mais pessoas para a produção, mas esse processo terá um limite natural. Pois, já não falamos de empregos mas de trabalho (efectivo e produtivo) e haverá sempre um limite mínimo rentabilizavel (digamos, 5 horas diárias).
As tarefas mais divisíveis serão sempre as menos especializadas. Os indivíduos melhores e mais produtivos (não nos estamos a nos referir apenas à quantidade de trabalho) trabalharão e ganharão sempre mais que os restantes. Serão as elites de cada sociedade. Corresponderão à antiga classe média que, por via das novas condicionantes globais se verá algo restringida na sua dimensão.
A Nova Sociedade, em oposição às sociedades socialistas actuais, mais concentradas na entrega de riqueza às populações improdutivas, precisarão daquelas elites como motores e dinamizadores do desenvolvimento que garantirão a riqueza necessária para a existencia da sociedade como um todo, incluindo o processo de redistribuição social de riqueza (Suporte Social), através de um modelo transversal e generalizado a toda a população, sem excepção, com base (proporcionalmente) aos recursos efectivamente recolhidos através dos impostos. Sobre este apoio, devido a todos, cada um acrescentará - acumulando - os rendimentos do seu trabalho.
Haverá sempre uma parte da população que, por inveja, combaterá essas elites. Se essa parte da sociedade conseguir levar avante com esses intentos - nomeadamente elegendo partidos com opções socialistas para os respectivos governos - essa sociedade arrisca-se a entrar numa espiral suicida (economia em retracção significativa, bancarrota e perda de independência) da qual poderá nunca sair face às novas evolventes globais.
Actualmente, os apoios sociais actuam na ausência ou em complemento dos rendimentos do trabalho. Este modelo é igualitário e potência a opção de muitos em não trabalhar. É um modelo de origem socialista e social democrata que os novos paradigmas sociais tratarão de erradicar. As classes mais baixas optam claramente por não trabalhar pois os subsídios directos, indirectos e serviços gratuitos e subsidiados a que apenas eles têm acesso, não deixam qualquer espaço à escolha. Não trabalhar é sempre perferível. E, por muito que se esforcem as entidades que controlam o processo, quem não quer trabalhar não trabalhará nunca.
O Estado Social Europeu criou a ideia peregrina dos direitos sem deveres, falhando também no facto facilmente verificável de que, com o passar do tempo, tudo se agrava. Aqueles que trabalham e ganham pouco (a classe média baixa) acaba por se aperceber que os seus vizinhos de baixo (socialmente falando) vivem melhor que eles por via dos multiplos subsídios, apoios, descontos e isenções que se lhes atribuem em todas as situações que enfrentam. E, rapidamente, se cria uma pressão descendente que levam os primeiros a se juntarem aos segundos.
Esse processo, obviamente, resulta em haver cada vez menos gente a trabalhar e muitos mais à procura de apoios sociais. O círculo fecha-se e volta a abrir-se. Mas cada vez mais hávido de recursos. Logo, os Governos eleitos pela maioria subsidiada criam mais subsídios, mais impostos. Com mais impostos, asfixiam todo o tecido económico e a população que que produz a riqueza, que sendo cada vez menos, origina menos impostos. E o círculo fecha-se e volta a abrir-se... até à rotura final e total.
A curto muito curto prazo, multiplicando-se estes circulos viciosos, apercebemo-nos que o Estado Social Europeu, tendo sido criado para erradicar a pobreza, acaba por ser o seu motor…
Atirar dinheiro para os problemas só os faz aumentar.
Um circulo vicioso que só terá saída numa Nova Sociedade.
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