Indústria

Na Nova Sociedade, as indústrias pesadas, sem grande peso tecnológico, as de manufactura intensiva e as poluidoras estarão, forçosamente nos Países em desenvolvimento. Com as vantagens - para esses países (trabalho assegurado) - e desvantagens inerentes ao facto.

Durante algum tempo, os Países mais desenvolvidos (Estados Unidos e Centro Europeu) manterão alguma indústria pesada, principalmente a que possa incluir algum peso tecnológico. Mas não por muito tempo.

A verdade é que essa indústria depende da contínua imigração de trabalhadores que asseguram esses sectores (latinos nos EUA e muçulmanos no centro europeu). Rapidamente o processo terá de parar face à contínua desfiguração cultural que se verifica naqueles países com consequências imprevisíveis.

Por outro lado, cumulativamente, as continuamente crescentes exigências ambientais tornarão as fábricas nestes países completamente inviáveis. As empresas remanescentes evoluirão para a “nuvem” e se materializarão posteriormente, também, com a construção de (mais) fábricas nos países em desenvolvimento. Levando a tecnologia necessária.

Perdida - mais tarde ou mais cedo – grande parte desta indústria, para os países em desenvolvimento, restará, aos países desenvolvidos, a indústria de produção de bens transaccionáveis e serviços para consumo local (lazer, turismo), sempre alavancadas pela produção primária local (matérias primas e energia renovável). Se o nível da produção primária é relevante para a sobrevivência social de uma qualquer comunidade, este tipo de produção de bens transaccionáveis (a produzir em quantidades suficientes para exportação – necessariamente concorrenciais nos mercados globais) suportará a existência de serviços que definirão a qualidade de vida da mesma.

Anote-se de novo, a relevância desta “pequena” indústria ter de ser suportada pela produção primária e energética – também – local. Só assim, o seu valor acrescentado será substancial. A produção a partir de produtos externos elimina valor acrescentado e incrementa custos que tornam o produto final muito pouco concorrencial.

A irremediável perda da indústria mais pesada para os Países em desenvolvimento terá as suas consequências. Nomeadamente a perda de controlo da produção dos bens correspondentes. Que ficarão na área de controlo dos países em desenvolvimento.

Não haverá grandes possibilidades de travar este processo. Até porque a exigência dos Estados Sociais e as regras ambientais (afinal o que define a qualidade de vida expectável nestes países) torna impossível este tipo de produção nestes locais. Os produtos assim onerados não são concorrenciais nos mercados globais. Daí que as empresas que os produzem deslocalizam-se assim que podem.

Nos níveis produtivos mais básicos, a recuperação do tecido económico primário – a incrementar em “modo protegido” - deverá ser suportado, não através de incentivos públicos, mas pela redução da intervenção governamental. A todos os níveis: menos impostos e os que restem, terão de ser mais simples e transparentes, menos burocracia e a retirada dos custos sociais no custo dos produtos.

As políticas, muito utilizadas actualmente, pelo menos na União Europeia, dos incentivos são erradas: é feita à custa de recursos “sugados” ao tecido económico, no seu todo, procedimento que acaba por ser o causador – muitas vezes – dos problemas que se pretende, depois, resolver.

Esses apoios, sendo direccionados a empresas com problemas (ou que precisam de apoios públicos) distorcem o mercado. Mantêm-nas no mercado, ao invés de as encerrar, o que permitiria a transferência de clientela às restantes, mais saudáveis. E fazem-no com recursos obtidos através dos impostos que acabam por ser determinantes para a degradação do tecido económico saudável. No final deste processo, o risco é fecharem todas as empresas e o sector (negócio) acabar por ser deslocalizado para outra zona (outra rua, outro bairro, outra cidade, outro País…).

Na Nova Sociedade, a indústria de bens transaccionáveis é suportada pela produção primária próxima e – ambas – garantem a criação, desenvolvimento e produção de serviços (para consumo local e exportação) que construirão os níveis da qualidade de vida da população da sociedade em questão. 

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