Turismo


Na Nova Sociedade, o Turismo será um dos maiores trunfos de algumas regiões.

Privadas (por opção ou inexistência de condições e recursos) de indústrias transformadoras, produtoras de bens transaccionáveis, essas regiões poderão, em contrapartida, dispor das condições necessárias para se oferecerem como destinos ideais de férias.

Estes destinos (e a possibilidade de usufruto dos mesmos) serão muito importantes para todas as populações que vivem e trabalham nas zonas de produção global, onde as indústrias (também poluidoras) criam e proporcionam tipos de vida potencialmente depressivos.

O sector turístico terá que se adaptar para responder a todas estas necessidades e procura que virá, maioritariamente, das zonas industriais do planeta. É – também – para esses novos e crescentes mercados, que as zonas turísticas terão de se virar.

As receitas do Turismo garantem às regiões que o disponibilizam, os recursos necessários para lhes garantir o acesso aos bens e serviços globais que não podem produzir.

A oferta turística terá dois tipos algo distintos:

Oferta Resort, onde todos os serviços prestados se reúnem num único local e Região Turística em que o modelo é mais aberto.

Serão relevantes, em ambas as tipologias de oferta:

A Segurança (protecção policial, ausência de crime)
A Estabilidade Social da zona.
A Natureza (no mínimo a ausência de poluição)
Um Sistema de Saúde eficaz (para acudir a situações inesperadas).
Acesso fácil (custos e acesso aéreo o mais directo possível), nomeadamente, através de empresas lowcost que asseguram clientes de cada vez mais longe.

Resort

Esta oferta “prende” o cliente à oferta.
E inclui todos os serviços necessários à estadia.
Na prática, funciona como um cruzeiro que fica imóvel.
Ajusta-se a zonas com uma oferta turística muito específica.
Sendo ideal para opções de férias de temática única (praia, neve, golfe, mar, estágios desportivos, conferências, etc).

Região Turística

Neste caso, a oferta é bem mais diferenciada e flexível.
Respeita a regiões onde a natureza é relevante ou onde as oportunidades de entretenimento são mais amplas. Inclui o turismo de cidade (compras e monumentos, museus, eventos).

Sem prejuízo da oferta qualificada mais clássica (hotéis e apartamentos classificados, com serviços variados) aparece como determinante uma oferta, ajustada aos novos mercados mundiais (populações de países em desenvolvimento, com riqueza crescente) e à nova tipologia de procura, através de reservas individuais, via internet, sem intervenção dos grandes Operadores Turísticos que há poucas dezenas de anos, controlavam os mercados.

Esta oferta é caracterizada pelo minimalismo da oferta adoptando o modelo lowcost, popularizado, com sucesso evidente, pela aviação comercial.

Reduzindo a oferta base apenas à dormida.
Que se constitui como o serviço nuclear e mínimo, que pode e deve ser vendido isoladamente.
Um quarto pequeno com WC, TV, Internet e uma pequena varanda a que se juntam alguns opcionais (frigorífico, micro-ondas, pequeno-almoço).
Inclui uma estrutura de apoio minimalista, com recepção e um pequeno mercado associado.
Valoriza a localização, que deve ser “cirúrgica” e ideal face à oferta turística da Região em questão: se praia, localizado sobre a duna, se neve, na zona de arranque dos elevadores. Se golfe, junto ao campo. Se conferências, junto às salas, se estágio ou evento desportivo, colado às instalações…

Esta opção é cada vez mais relevante quanto maior for o (crescente) número de reservas com origem na internet. Os sistemas de reservas on-line actuais elencam as ofertas pelo preço e juntam-lhe avaliações qualitativas (ainda com algumas ineficiências) inseridas pelos clientes.
Os preços base devem ser minimizados ao máximo. Deixando tudo o resto como opcional.

O modelo dos hotéis classificados (estrelas) ajusta-se a cada vez menos à nova realidade (turismo global). Na prática, aponta-se apenas para quem o preço conta pouco e bem menos do que a possibilidade de, assim, escolherem os co-clientes.

Não tem sentido exigir serviços obrigatórios - a um Hotel para que este obtenha uma determinada classificação (nº de estrelas) - que “pesam” no custo da estadia (um cabeleireiro, uma piscina) que muitos clientes não querem nem vão usar.

Dinâmica regional

Associadas a esta oferta de dormida lowcost, está uma multiplicidade de serviços que pode florescer na Região Turística. Desde que liberta das “amarras” clássicas do emprego “à antiga”. Num mercado de serviços onde as microempresas, de serviços muito especializados (baseadas em trabalho parcial e de segunda ocupação) se criam e desaparecem à medida da procura e do nível de qualidade que garantem.

As ofertas específicas (são exemplos a praia, natureza – passeios, canyoning, BTT -, golfe, mar, neve, desporto – eventos, estágios alta competição – saúde, cidade, arte/cultura, investigação, congressos, sénior, etc) potencializam o aparecimento de uma multiplicidade de serviços complementares, a garantir por pequenas e pequeníssimas empresas regionais.

É de evitar que se dinamizem eventos muito pontuais e de relevância exagerada (no destino ou região turístico) correndo assim, o risco de criar macro-procuras em micro-sazonalidades que desequilibram substancialmente a procura-oferta.

É importante a incorporação de muitas mais valias locais na oferta disponibilizada, assegurando a fixação local dos rendimentos, sendo uma das mais relevantes (não forçosamente a de maior valor) a alimentação dos visitantes (produção e confecção).

A este factor junta-se a energia necessária que deverá ser maximizada no que se refere à produção local e de âmbito renovável – sol, vento, ondas, limpeza florestal.

Enquadramento fiscal

O Turismo é um sector muito específico. Em termos fiscais, funciona como uma exportação (concorre directamente com mercados externos) mas actua internamente. Os serviços são prestados “dentro”, no mercado interno.

A fiscalidade a aplicar deveria ser igual às exportações, criando o efeito de "anulação" do imposto sobre o valor acrescentado quando a venda é feita ao exterior.

Isto com o objectivo de criar potencialidades e vantagens perante a concorrência e na disputa de mais quota de mercado.

O Turismo não deveria ser tributado (taxas sociais e impostos sobre rendimentos) mais do que qualquer bem e serviço destinado aos mercados externos. No entanto, não é possível aplicar essa opção, pois os serviços destinados aos turistas confundem-se com os serviços ao dispor da população local.

Na Nova Sociedade, o Turismo, como em qualquer outro sector, os bens e serviços são libertos dos custos sociais e dos impostos sobre os rendimentos.

Em contrapartida, o Imposto Único, sobre o consumo, aplica-se também ao sector.

No entanto, pelas razões expostas, é criado, para o Turismo, um modelo fiscal próprio.
Que passa por uma “devolução” às empresas de metade do Imposto Único (sobre o consumo, à taxa mínima) cobrado pelas mesmas no referente às dormidas (e/ou pacotes que as integrem - pequeno almoço, meia pensão e pensão completa). 

Este valor financia os Fundos de Promoção Turística, de âmbito regional.
Que actuariam na promoção externa da Região em questão.
Estes fundos são geridos pelas empresas financiadoras (que “vendem” dormidas) e dividem a actuação em duas partes. Uma a aplicar na promoção – conjunta - da região turística; a outra no financiamento de projectos próprios de cada empresa. Ou seja, um quarto do imposto pago seria gasto em promoção externa da região e o outro quarto em promoção empresarial.

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