Mudança.r

Nos países desenvolvidos, a mudança passou a ser um processo incontornável.
E que precisa de ser iniciado, de imediato.

É necessário começar por afastar a ilusão do crescimento
Infelizmente o discurso recursivo só aponta para o crescimento. E que só esse crescimento trará o emprego e a recuperação social. É a tábua de salvação de todos os economistas… 

E se esse crescimento for impossível? 
Pois a verdade é que é mesmo impossível, de uma forma sustentada, nos países já muito crescidos (desenvolvidos). 

Situação facilmente demonstrável já desde à alguns anos, quando estas economias passaram a crescer 2% do PIB ao ano suportados por défices (de todo o tipo) muito superiores. E mesmo nos países em que o processo parece equilibrado, facilmente se reconhecem os respectivos telhados de vidro: os excedentes e receitas desses países bem comportados provêm, numa parte significativa, dos gastos (a eliminar) dos países mal comportados. Pelo que, acabando-se estes, acabam-se aqueles. E logo se verão todos, no mesmo barco.

Depois, é importante passar a procurar imediatamente, os equilíbrios, eliminando todo o tipo de défices.

A única forma de conseguir isso, passa por conter gastos. A todos os níveis e em todos os sectores. Limitando-os às receitas existentes.

Depois, poderemos passar a pagar as dívidas mesmo que isso seja feito gradualmente e/ou por conta de moratórias unilaterais ou consensuais.

Recessão?

É fundamental, em todo este processo, parar de diabolizar o estado recessivo da economia. Deixando de dar uma conotação negativa a um estado que será regra geral nas economias futuras dos países desenvolvidos. E começando a valorizar os governos que lançarão as - novas - políticas necessárias para enfrentar essa – incontornável – situação de perda de rendimento e riqueza generalizada.

Temos que interiorizar que as populações dos países desenvolvidos vão – se possível, gradualmente – passar a ser menos ricas…

E que as populações (médias), na China, Índia, Brasil, Turquia  e outros, passarão a ser menos pobres…

Continuar na ilusão do crescimento, das políticas de incentivo ao consumo, da ideia da recriação de empregos perdidos é um processo errado, na direcção errada e que só poderá dar maus resultados.

As medidas de incentivo à economia, atirando mais dinheiro e mais fundos (que são sempre emprestados) numa economia deficitária só aprofundará esse problema. É como atirar gasolina para o fogo…

Claro que os actuais governantes, se conseguirem aceder a esses fundos, acabarão por os aplicar dessa forma (por pressão eleitoralista) fazendo apenas adiar a rotura (para quando já não lá estiverem, em funções) e provocando o crescimento do problema, que rebentará (não tenhamos dúvidas) nas mãos da geração seguinte…

Um bom governo será aquele que melhor conseguir gerir a recessão, assegurando que a mesma é suave e controlada, garantindo que não acontece uma rotura (social) grave. Ao aceitar a recessão como um estado normal e incontornável (e até justa no panorama da repartição de riqueza internacional) teremos meio caminho percorrido.

A escada rolante que antes subia (bastava nos colocarmos num degrau, parado, que chegaríamos ao topo – por efeito do impulso do crescimento económico) inverteu a direcção quando nos encontrávamos a meio da escadaria. A partir daí, ficar parado já não basta. É que, sem esforço algum, agora, descemos mesmo…

As esquerdas de hoje, desalojadas do poder, passaram a ser conservadoras. Irremediavelmente empurradas para as oposições (as suas políticas são impossíveis em cenários de não crescimento), vão passar a lutar para que nada se faça. Ou, no mínimo, para que a inversão das suas políticas, impostas por si, no passado, e que tão má conta deram, seja travada e adiada ao máximo.

Não se toma uma medida porque “será recessiva”…
E paramos. E voltamos às receitas antigas. E pioramos a situação.

Com uma economia em queda, o modelo actual de Estado Social é impossível. Um governo de esquerda está impossibilitado, por princípio, de reduzir a aplicação de recursos no sector.

Nas mãos de socialistas, neste milénio, os Estados Sociais passaram a canibalizar as economias onde se financiavam. Apesar de cada vez de produzir menos, se lhe exigia cada vez mais taxas e impostos com vista a manter (ou aumentar) as despesas sociais. O efeito  “morte da galinha dos ovos de ouro” acabou por se consumar na crise das dívidas soberanas. Pois, para além da economia ter sido “asfixiada”, os Estados passaram a gerir crescimentos virtuais (para população ver) criados e suportados pelo crescimento de dívida. Até que esta dívida criou juros insuportáveis e impagáveis, obrigando os credores (ou os mercados) a intervir.

Através de programas de resgate duros.

O Estado Social acabou por se revelar suicida.
A mudança passa, também, por se gastar menos nessa área.
Substituindo um Estado Social canibal por um estado Social sustentável.

Que actuará da forma possível e realista, face à produtividade nacional. Não tem sentido que se mantenha um sistema retributivo de riqueza que distribui para além da riqueza produzida. Nem é razoável exigir (este foi o erro dos últimos anos) mais desse sistema produtivo e da economia – ao ponto de o colocar em risco…

Foi o custo (crescente) da intervenção social (redistribuição socialista da riqueza) que, cruzado com o efeito de redução de riqueza produzida nos países desenvolvidos, terá levado os défices e as dívidas aos níveis actuais e ao ponto de crise actual em todos este países.

A certeza maior, nisto tudo, é que nada fazer só piorará as coisas.

Se queremos subir, numa escada rolante que passou a descer, termos que nos mexer…
Criando uma Nova Sociedade.

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