2. A Educação numa Sociedade Estratificada e o Mercado de Trabalho
As sociedades (todas) são estratificadas. Queira-se ou não. Goste-se ou não.
No sistema social, há muitas e variáveis tarefas, é ilusório pensar que todos farão a mesma coisa e que todos poderão fazer a mesma coisa de igual forma.
Pelo que, é necessário colocar as pessoas certas nos lugares certos.
As várias tarefas terão características diferentes.
Umas exigirão pessoas com determinadas capacidades, formação e preparação. A cada tarefa, um perfil diferente. Alguém que aparente ser totalmente inapta numa determinada tarefa poderá ser um génio noutra. A caracterização das capacidades inatas de cada um perderá a estreiteza actual e se alargará a muitas mais actividades.
Na Nova Sociedade, com o trabalho disponível em redução, a divisão das tarefas deverá respeitar a produtividade de cada um. Serão os melhores a ocupar essas vagas.
A estratificação das necessidades e o processo de colocação dos melhores nos lugares devidos criará a primeira diferenciação social: os que trabalham e os que não trabalham.
De entre os primeiros, haverá uma distinção natural que diferenciará através dos rendimentos auferidos, os indivíduos em função da natureza das tarefas que lhes cabem. Uns ganharão mais, outros menos.
O terceiro motivo de diferenciará resultará da execução quantitativa e qualitativa da tarefa prestada. O rendimento será reforçado através de prémios de produção.
Acabará a lógica da carreira profissional e da remuneração crescente baseada no tempo em que se ocupa um determinado emprego…
Aquela diferenciação salarial advirá de várias situações, mas onde deverá imperar o bom senso. Haverá que impor tectos máximos nas remunerações (rácios razoáveis entre as remunerações mínimas e máximas), abrindo apenas a “porta” a maiores e mais significativas diferenciações através dos já referidos prémios de produtividade.
Um dos maiores problemas actuais das sociedades desenvolvidas resulta dos níveis/formação crescentes das respectivas populações. Muitos dirigentes imputam aos crescentes níveis de formação o aumento da produtividade. E nem colocam a possibilidade de ser exactamente o inverso: que o usufruto de melhores condições de vida criam a possibilidade de generalizar e aumentar o nível de educação/formação da população.
A estratificação da sociedade, atrás indicada, determina a exigência de indivíduos diferentes para cada tarefa. Quando as sociedades desenvolvidas (numa fase de crescimento económico) permitem que cada vez mais indivíduos (de entre a sua população) aumentem os seus níveis de educação/formação, criam cada vez maior procura pelos lugares de topo (ou em níveis superiores) da pirâmide laboral.
Como uma pirâmide, por natureza, se estreita à medida que se sobe, temos um problema:
Mais (mas, muito mais) indivíduos (principalmente os jovens) para poucos lugares de trabalho disponíveis. Muitas expectativas frustradas.
Menos (mas muito menos) indivíduos (cada vez mais velhos) para muitos lugares na base da pirâmide.
Resultado: muito desemprego (acima) e muito trabalho (abaixo). E quem acaba por ocupar os lugares mais baixos da sociedade? os emigrantes. Que “cobrem” as necessidades básicas e ocupam as tarefas ignoradas pelos locais (ou seja, o pouco trabalho disponível). E cada vez mais indivíduos (principalmente as novas gerações) descontentes, sem trabalho ao nível das suas expectativas.
Os emigrantes sujeitam-se e são contribuintes líquidos para o crescimento (trabalham mais por menos) e para a Segurança Social. Mas contribuem cada vez mais para a descaracterização cultural e para a desestabilização social quando a integração não se faz rapidamente (o que é cada vez mais frequente, até pelo facto da quantidade não exigir essa integração – quase que duplicam em determinados bairros as suas sociedades de origem). E mesmo que se integrem, os seus filhos já não serão seus substitutos mas lutarão também (provavelmente com vantagem) pelo todo da pirâmide.
(continua)
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