Formação

Na Nova Sociedade, não haverá empregos para todos.
Na Nova Sociedade, os mais produtivos ocuparão os empregos existentes.

Assim, haverá uma distinção clara entre o grupo que terá trabalho, que produz e consegue juntar o respectivo rendimento ao Suporte Social; e aquela que vai ficar dependente, quase totalmente ou apenas, deste último.

Os primeiros, terão, por aquela razão, um nível de vida acrescido, apesar de parte do rendimento do seu trabalho contribuir solidariamente, para quem não pode trabalhar, não quiser trabalhar ou simplesmente, não tiver trabalho disponível.

O Trabalho será o bem mais importante na Nova Sociedade.
O Trabalho será de quem melhores condições apresentar para o efeito.
As condições necessárias para esse acesso serão determinadas pela produtividade individual, que irá ser, claramente influenciada pelo nível de Educação/Formação obtida e desenvolvida por cada um.

Daí que a Educação/Formação será uma aposta pessoal determinante na Nova Sociedade.

Menos trabalho

Nas sociedades mais desenvolvidas, a deslocalização do trabalho para os países em desenvolvimento, para onde converge a produção, atingirá todos os estratos de formação pessoal. Talvez, ainda mais, aqueles com mais alta formação. Pois será a este nível que, mais facilmente, o resultado do trabalho pode ser traduzido numa forma digital, podendo ser concretizado, na nuvem e a partir de qualquer local.

Este tipo de trabalho evoluirá para as zonas de melhor clima e ambiente. Será uma nova vantagem estratégica dos locais e países que consigam aliar a qualidade de vida (serviços disponíveis) que colocam à disposição dos seus residentes, à segurança (serviços de saúde, menos crime, zonas menos sujeitas a catástrofes), ao ambiente e clima ameno.

Pois serão esses locais que atrairão, para além do turismo de férias, o turismo de 3ª idade (reformados, por períodos mais longos) e a fixação de (novas e antigas) empresas onde o trabalho desenvolvido é digital, sendo independente do local de produção.

Desnecessidade de mais formação

Nos últimos decénios, as sociedades mais desenvolvidas foram crescendo com alguma consistência. Nesse processo, aumentaram a produtividade nos sectores primários e secundários. A “libertação de rendimentos” resultantes permitiu o aparecimento e o crescimento de serviços de outro tipo (nível), nomeadamente os de cultura, lazer e entretenimento. Os empregos perdidos nos sectores primários e secundários foram sendo “transformados” noutros, ao nível dos serviços. Este processo (de redução de ocupação pessoal nos sectores de produção de base) traduziu a evolução das sociedades nas últimas (largas) dezenas de anos.

Hoje, a situação inflectiu-se.

E, pelas razões já descritas (onde impera a globalização), a curva da riqueza total das sociedades desenvolvidas deixa o cume para trás e estabiliza-se em queda. Aí, começam por desaparecer os empregos do topo da pirâmide (lazer, cultura e entretenimento). Estes profissionais, para além de inadaptados, não encontram uma colocação alternativa, nem oferta instalada porque, entretanto, desapareceram os empregos dos sectores básicos (primário e industrial).


Trabalhadores, precisam-se


Com o aumento da formação média, principalmente nos jovens, cria-se um défice na oferta de trabalho ao nível dos empregos onde é exigível menor formação. Restaurantes, lojas, supermercados, hotelaria, etc, são locais onde a procura por trabalhadores existe e é usualmente satisfeita por ... emigrantes. Vindos de países em desenvolvimento.


Esta situação é algo incongruente: cada vez menos trabalho disponível, mas o que é oferecido acaba ignorado pela população local, por ser pago abaixo das expectativas criadas pela aquisição pessoal de mais formação. Num ambiente global, esses empregos são imediatamente tomados por imigrantes, enquanto os locais se acumulam nos centros de emprego e vão consumindo recursos sociais cada vez mais parcos.


O realismo terá que voltar a fim de que o trabalho existente, mesmo o que usualmente era desvalorizado, o deixe de ser. A Nova Sociedade terá que trazer um novo modelo onde se valorize o facto de se ter trabalho. Enquanto for difusa a fronteira entre o trabalhar e o viver de subsídios sociais, enquanto viver de subsídios for mais vantajoso do que assumir aquelas tarefas menos bem pagas, a situação continuará a se degradar. 


Porque a criação de emprego, a esse nível, que a economia possa produzir, em vez de resultar numa redução do desemprego, apenas atrairá o País novos emigrantes...

Formação: uma aposta pessoal e não pública

Na Nova Sociedade, não será economicamente relevante a aposta comunitária na Formação. Afinal,  não havendo trabalho para todos, haverá sempre mais candidatos a trabalhadores do que trabalho disponível. A escolha será grande e a liberdade de opção pelo melhor trabalhador para ocupar aquele (raro e determinante) posto de trabalho fará o resto.

A procura por uma crescente educação/formação da população deixará de ser um objectivo comunitário e passará a ser um objectivo pessoal.

No entanto, nenhuma formação a mais é formação demais. Simplesmente, esse excedente formativo, deixa de ser relevante para a sociedade.

Investir recursos públicos na formação criará apenas mais oferta de um bem que já é  excedentário. 


Resultará muito mais a flexibilização e abertura do mercado de trabalho, distinguindo o processo de troca de um trabalhador por outro (hipoteticamente mais produtivo na relação custo/benefício) do processo de extinção de um posto de trabalho.

Numa sociedade com desemprego acentuado, a troca de trabalhadores deveria ser um processo simples. Desde que o Suporte Social esteja devidamente implantado e seja eficaz. No final, perante dois indivíduos para os quais só existe um emprego (uma unidade de trabalho efectivo) o processo deverá permitir facilmente colocar o mais eficaz e produtivo no lugar devido. E não o contrário.

A ausência de trabalho deixará se ser uma prorrogativa dos estratos populacionais de mais baixas formações e vai generalizar-se a toda os estratos e níveis de formação.

Mantendo-se a aposta comunitária na Educação, por motivos sociais, nos níveis educativos de base. Esta passará, então, a se centrar em motivos de estabilidade social e não económicos. 

A Escolaridade básica deverá ser mantida como obrigatória e de acessibilidade garantida. A comunidade oferecerá as ferramentas necessárias para que todos -sem excepção - tenham as mesmas oportunidades. Mas não mais do que isso. A partir dessa base, tudo passará a depender do empenho e da vontade de cada um. Garantindo que os melhores (e não todos, pois essa é uma ilusão socialista) possam ir o mais longe possível, independentemente da sua origem socioeconómica.

A educação de base deverá ser mantida como obrigatória, até aos 18 anos. Depois disso, o esforço deixa de ser uma aposta comunitária, suportada por recursos públicos, passando a ser pessoal, incluindo o respectivo financiamento. O Suporte Social, deverá ser incrementado, do valor/criança para o valor/adulto aos 21 anos ou na conclusão do 12º ano.

Na Nova Sociedade a Educação será – mesmo – a preparação para a vida futura. Onde deve haver lugar ao rigor e à exigência. Não ao facilitismo e à complacência perante quem, assumidamente, não quer. Em vez de se consumirem esforços e recursos com quem não quer, será dada maior atenção a quem demonstra capacidade e vontade para ir mais longe. Estes devem ser mais apoiados, pois o futuro de cada sociedade dependerá do seu dinamismo, empreendorismo, da sua capacidade de inovação e liderança.

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