Educação.5

Família e Escola

No último século, nas sociedades desenvolvidas, a mulher procurou e ganhou o seu espaço na sociedade e no mercado de trabalho. Dessa forma, contribuiu fortemente para o crescimento da riqueza produzida e autonomizou-se em relação ao homem.

Como em todos os processos deste tipo, há sempre uma outra face da moeda. A família era a base de suporte da Educação das gerações seguintes. O modelo vigente colocava o pai a assegurar o sustento familiar, cabendo à mãe, o processo de gestão da casa e o enquadramento e educação das crianças.

As conquistas das mulheres vieram alterar substancialmente este panorama.
A família passou a ser diferente, mais volátil e menos presente. 
Tornou-se uma família precária.

Ensino, socialização e Educação

Assim, a Escola, para além de instruir, passou gradualmente a procurar assegurar muitas outras áreas educativas, substituindo-se à família. Mas não só. Também ganhou competências sociais, de ocupação de tempos livres e muitas outras.

Passou-se a considerar a Escola - em muitas sociedades -  e em termo lato, como a instituição que ocupa e gere o dia a dia das crianças e jovens. Devido à ausência e/ou à incapacidade familiar em criar as suas crianças pois, desde muito cedo, os pais passaram a estar (os dois ou o único presente - familias monoparentais cada vez mais frequentes) ocupados nos seus empregos e carreiras profissionais.

A Escola ganhou novos papéis, no suporte e apoio à sociedade. 
O que, por si só não é mau. E nada de mais.

No entanto, as coisas não foram feitas convenientemente. E porquê?

A Escola sempre foi controlada pelos professores. A coorporação enraizou na Escola. O resultado é uma Escola feita por professores pelo que (também) feita para os professores. Nesta equação, muitas vezes e em muitas situações, os alunos vieram sempre depois…

Escola canivete-suiço

Com a passagem de mais responsabilidades (extra-ensino) para a Escola (e não só as referentes à componente social mas também as de gestão - cada vez mais complexa à medida que as escolas se modernizaram e passaram a prestar mais serviços) a opção, em muitas situações, foi sempre a de fazer as (mais e diferentes) coisas com base nas mesmas pessoas (professores). Que, quais “canivetes-suiços” acharam de servir para tudo e mais alguma coisa. A fim de não abrirem a porta do "seu quintal" a outras áreas profissionais. 


O processo formativo docente foi reflexo disso, bastando, para tal, conferir as matérias versadas nesses cursos de formação criados para os professores. 


Neste processo, virado para dentro e para os professores como (únicos) players na organização, poucos lugares foram disponibilizados e abertos para que outros profissionais pudessem passar a assegurar essas novas tarefas. E, mesmo quando isso sucedia, nunca conseguiam entrar – devidamente – na área da “direcção” e controlo da organização.

O grande erro consistiu em manter a lógica da Escola (com funções acrescidas, extra escolares) ou invés de se criar uma nova entidade, mais ampla, que incluiria a Escola (e as respectivas actividades pedagógicas) como uma das suas componentes.

Pólo Educativo

Na Nova Sociedade, a Escola é uma das componentes do Pólo Educativo. Que incluirá, também, as actividades de recuperação de alunos com défices de aprendizagem, a ocupação de tempos livres e as actividades extra-curriculares de todo o tipo (desporto, artes, tecnologias e outras).

Os currículos gerais constituirão a componente nuclear no dia a dia dos alunos. Cerca de 20 horas semanais, no máximo. Os alunos com défices de aprendizagem (nas áreas em que os tiverem) terão apoios extra nos períodos extra-curriculares, dados pelos próprios professores: nos dias normais, nos sábados, nas suas (dos alunos) interrupções lectivas (férias).

Em paralelo, desenvolverão outras actividades em que se encontrem apetências e onde se apercebam sinais de aptidão. Nesta componente os alunos terão uma componente obrigatória - a fim de garantir sempre uma determinada ocupação temporal no seu dia - e outra facultativa.

Teremos então uma via central, genérica, aplicável a todos, onde se activa uma actividade de reforço e recuperação quando a mesma se revele necessária. Paralelamente, criam-se actividades extra-curriculares nas áreas de eleição de cada aluno, procurando encontrar e valorizar as apetências de cada um.

Teremos sempre alunos médios, alunos de elite e alunos problemáticos.
No entanto, podemos ter um aluno problemático na matemática que se revela de elite no desporto.
Ou alguém com problemas nas artes e que atinge níveis de excelência na língua materna.
O importante não é catalogar nenhum aluno, mas permitir que se desencadeie livremente o processo de procura pela área de eleição de cada um. Onde, sem prejuízo de sempre se procurarem atingir os níveis mínimos dos currículos básicos definidos, se possam potenciar ao máximo as apetências de cada um.

Na Nova Sociedade o aproveitamento dos alunos passa a considerar todas estas componentes e não apenas as do currículo nuclear.

No Pólo Educativo, caberá aos professores a gestão pedagógica da Escola. E não, por princípio e por lei, outras “gestões” (pessoal, espaços, recursos).

A Escola é dos alunos e para os alunos, sendo modelada nesse princípio.
Outros profissionais de formação de base não pedagógica (gestão, social, jurídicos, administrativos) serão incluídos na organização (do Núcleo Educativo), actuando na estrutura geral de apoio à Escola e ao Pólo Educativo no seu todo.


(continua)

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